Se você lidera times de marketing, operações ou atendimento, já entendeu que a experiência do cliente impacta diretamente resultados como retenção, fidelização e receita. Mas a pergunta que muitos ainda se fazem é: como transformar feedback em ação real, e provar valor com isso?

Hoje, isso vai além de pesquisas tradicionais. O mercado evoluiu para unir diferentes vozes do cliente: tanto feedbacks solicitados (como NPS, CSAT e CES) quanto os não solicitados, vindos de canais como redes sociais, SAC e portais regulatórios. E as empresas que conseguem consolidar essas informações em uma visão única estão um passo à frente.

Neste conteúdo, reunimos aprendizados profundos de quem vive CX na prática, com base nos insights compartilhados por Alessandra Palermo no episódio especial do CX Experts Podcast:

A ideia é falarmos sobre estratégias operacionais, frameworks de maturidade, exemplos reais e formas de medir ROI com clareza.

Aqui você vai encontrar:

  • Por que estamos falando tanto sobre experiência do cliente?
  • O que (realmente) significa fazer gestão da experiência?
  • Atendimento não é experiência: como as empresas confundem os papéis
  • Os três níveis de maturidade em CX (e como saber onde sua empresa está)
  • A importância da governança no VOC (voz do cliente)
  • Métricas de CX: como escolher e aplicar com inteligência
  • Casos práticos: o que empresas maduras estão fazendo diferente
  • Primeiros passos para implementar (ou evoluir) sua gestão de experiência
  • O papel da tecnologia e dos parceiros certos na jornada de CX
  • Conclusão: CX como diferencial competitivo e cultural

O que (realmente) significa fazer gestão da experiência?

“Experiência do cliente” não é só uma métrica bonita no relatório. Fazer gestão da experiência é orquestrar, com intenção estratégica, tudo que influencia a percepção do cliente, do primeiro clique até o pós-venda.

É um compromisso diário com escuta ativa, melhoria contínua e, principalmente, ação com base no que o cliente diz. E isso hoje vai muito além de pesquisas: significa unir feedbacks solicitados (como NPS, CSAT e CES) com manifestações espontâneas em canais como redes sociais, SAC, Reclame Aqui e portais regulatórios. Como resume Alessandra Palermo no CX Experts Podcast:

“Gestão não é só perguntar. É escutar, agir e fechar o ciclo.”

O problema é que muitas empresas ainda confundem gestão com medição. Medir é importante, mas medir sem agir é como tirar um raio-x e não tratar.

A gestão começa antes da compra, passa pela jornada completa e exige uma visão integrada de:

  • Dados quantitativos (ex: NPS, CSAT e métricas operacionais)
  • Feedbacks abertos e espontâneos vindos de diferentes canais
  • Contexto de jornada
  • Ação clara e distribuída entre áreas

CX não é responsabilidade de uma área. É uma cultura operacionalizada por toda a empresa. Porque, no fim, quem perde um cliente não é o time de experiência, é o negócio inteiro.

Atendimento não é experiência: como as empresas confundem os papéis

Ainda é comum, e problemático, ver empresas que usam “experiência do cliente” como um rótulo mais moderno para “atendimento ao cliente”. Na prática, essa confusão atrasa a maturidade em CX.

“Tem muita empresa que ainda chama a área de atendimento de ‘área de experiência do cliente’. Não é a mesma coisa.” Ale Palermo

Atendimento é apenas um componente da experiência. Importante, claro. Mas CX de verdade é estratégico, transversal e proativo, não apenas reação a problemas.

Vamos aos fatos:

AtendimentoGestão da experiência
Resolve dúvidas e problemas pontuaisMonitora e melhora toda a jornada
Atua em situações de crise ou falhaAtua antes, durante e depois da compra
Foca no cliente que já interagiuTambém considera o prospect
Usa métricas operacionais (SLA, tempo)Usa métricas de vínculo (NPS, CSAT, LTV)
Centralizado em um timeEnvolve produto, marketing, operações

Essa confusão leva a dois erros frequentes:

  • Delegar CX apenas ao time de atendimento
  • Tratar experiência como um “projeto paralelo” e não parte do core da operação

O resultado? Feedback ignorado, decisões baseadas em achismo e perda de clientes.

A experiência começa antes do contato

CX não começa quando o cliente fala com alguém. Começa quando ele tenta te encontrar, entender seu serviço ou navegar no seu site. Se nesse momento algo falha, a experiência já falhou.

“Você entra num site e não tem descrição do produto, o layout é ruim, o checkout trava… tudo isso é CX.” Ale Palermo

Gestão da experiência é garantir consistência em cada ponto de contato, até nos invisíveis. O atendimento deve ser uma extensão da experiência, nunca o único responsável por ela.

Os três níveis de maturidade em CX (e como saber onde sua empresa está)

Uma das maiores armadilhas na jornada de experiência do cliente é querer “pular etapas”. Mas a verdade é que cada organização está em um momento diferente, e tudo bem. O que não pode é ficar parada.

Com base em dezenas de casos no mercado brasileiro e insights trazidos por Ale Palermo no CX Experts Podcast, conseguimos identificar três níveis de maturidade em programas de gestão da experiência. Entender onde sua empresa está ajuda a evitar frustrações, direcionar investimentos e construir uma evolução real.

1. Nível 1 – Atendimento = Experiência (emergente)

Empresas nesse estágio ainda confundem atendimento com CX. Normalmente:

  • A área de experiência nem existe formalmente
  • Quem “cuida” da experiência é a operação ou o SAC
  • Pesquisas são feitas ocasionalmente, com baixa estrutura
  • Métricas como NPS são mal aplicadas ou incompreendidas
  • O feedback do cliente raramente chega às áreas de decisão

Sinais típicos:

“Temos NPS? Ah, acho que sim, mandamos uma pesquisa pelo WhatsApp…”

Essas empresas não começaram do zero, mas ainda não possuem uma governança mínima sobre o tema. O risco aqui é acreditar que estão “fazendo CX”, quando na verdade estão apenas reagindo a problemas.

2. Nível 2 – Estruturando uma prática (em transição)

Aqui, o jogo começa a mudar. As empresas desse grupo:

  • Criaram ou estão estruturando uma área dedicada a CX
  • Já entendem que experiência é algo transversal
  • Implantaram métricas como NPS, CSAT ou CES em momentos-chave da jornada
  • Começam a distribuir os dados para outras áreas
  • Percebem a importância da voz do cliente, mas ainda lutam com silos e baixa priorização

Nesse estágio, a escuta ainda é majoritariamente baseada em feedback solicitado, por meio de pesquisas. É um avanço importante, mas limita a visão completa do cliente. Evoluir significa também trazer para a mesa feedbacks espontâneos vindos de canais como redes sociais, SAC e portais regulatórios.

Sinais típicos:

“Estamos ouvindo o cliente. Agora precisamos transformar isso em plano de ação.”

Essas empresas já querem ser referência em CX, mas enfrentam desafios internos: falta de integração, dados fragmentados, dificuldade de comprovar impacto. O foco aqui deve ser ganhar tração com ações práticas e gerar quick wins que validem o investimento.

3. Nível 3 – CX como diferencial competitivo (avançado)

Neste estágio, CX é parte da estratégia central. As empresas:

  • Têm uma área de experiência com autonomia e interlocução com o C-Level
  • Conectam VOC com dados de negócio (ex: NPS + churn + LTV)
  • Consolidam múltiplas fontes de feedback, unindo dados solicitados (pesquisas) com não solicitados (redes sociais, SAC, Reclame Aqui, órgãos regulatórios)
  • Aplicam insights do cliente em decisões de produto, marketing e operações
  • Enxergam CX como alavanca de crescimento, e não apenas como defesa
  • Conseguem provar ROI com clareza: retention, vendas, fidelização, redução de CAC

Sinais típicos:

“A prioridade da sprint foi definida com base no que o cliente pediu.”

Essas empresas não são perfeitas, mas têm ritmo, rituais e cultura de escuta contínua. Mais importante: já não veem CX como custo, e sim como motor de diferenciação. E isso só é possível quando VOC é tratado como um ecossistema integrado, e não como uma planilha isolada.

Em qual nível sua empresa está?

Esse é um bom momento para fazer uma autoanálise honesta. Não importa onde você esteja, o mais importante é ter clareza do próximo passo. E, para todos os níveis, uma coisa é certa: sem governança, o CX não escala.

No próximo tópico, vamos explorar exatamente isso: como estruturar a governança da voz do cliente (VOC), e por que esse é o coração da gestão de experiências.

A importância da governança no VOC (voz do cliente)

Coletar feedback não é um desafio para a maioria das empresas, o problema está no que se faz com ele. A voz do cliente (VOC) só gera valor quando existe governança: processos claros de coleta, integração, análise, distribuição e ação.

“Muita empresa pergunta, mas não escuta. Ou pior: escuta e não faz nada com aquilo.” Ale Palermo

Sem governança, o VOC vira um repositório morto, uma planilha parada numa área sem força. Com governança, o feedback circula, chega à ponta certa, e se transforma em ação, aprendizado e resultado.

Uma boa governança de VOC envolve:

  • Métricas bem aplicadas no momento certo da jornada (NPS, CSAT, CES)
  • Integração de múltiplas fontes: pesquisas (feedback solicitado) + manifestações espontâneas (redes sociais, SAC, Reclame Aqui, órgãos regulatórios)
  • Segmentação de dados por canal, regional, persona ou unidade
  • Distribuição inteligente de feedbacks para áreas responsáveis
  • Acompanhamento de ações e evolução das dores mapeadas
  • Loop fechado: o cliente percebe que foi ouvido

É essa integração que diferencia empresas maduras: elas não enxergam VOC como uma pesquisa isolada, mas como um ecossistema vivo, que reúne todas as vozes do cliente para orientar decisões de negócio.

Métricas de CX: como escolher e aplicar com inteligência

Falar de métricas em Customer Experience vai muito além de escolher o NPS porque “todo mundo usa”. A escolha e aplicação correta dos indicadores é o que diferencia empresas que medem de forma estratégica daquelas que apenas acumulam dados sem utilidade.

“Uma boa experiência começa com a preocupação da empresa em atender à expectativa que o cliente tem ao se comprometer em vivenciá-la.”

O primeiro passo, portanto, não é escolher a métrica, é entender qual é a expectativa que o cliente tem em cada ponto da jornada.

Métricas para cada tipo de objetivo

Para entregar uma boa experiência, não basta saber se o cliente gostou. É preciso entender onde ele teve atrito, se a entrega foi eficiente e se voltaria a comprar. Por isso, usamos três grandes grupos de indicadores:

1. Indicadores de percepção (emocionais):

Capturam como o cliente se sente em relação à experiência.

  • CSAT (Customer Satisfaction): mede satisfação imediata após um ponto de contato.
  • NPS (Net Promoter Score): mede lealdade à marca após uma jornada ou experiência completa.
  • CES (Customer Effort Score): mede o esforço necessário para resolver algo.

Exemplo: após uma compra online, o CSAT mede se o cliente ficou satisfeito; o CES avalia o quão fácil foi o processo; e o NPS pode medir se ele recomendaria sua marca como um todo.

2. Indicadores operacionais (processuais):

Mostram como os processos estão funcionando, sem depender da resposta direta do cliente.

  • Tempo de resposta
  • Tempo de atrito
  • Taxa de cancelamento
  • Índice de resolução na primeira interação (FCR)

Esses dados são indispensáveis para melhorar performance sem sobrecarregar o cliente com pesquisas.

3. Indicadores financeiros (estratégicos):

Demonstram o impacto do CX no negócio.

  • EGR (Earned Growth Rate): mostra quanto do crescimento da empresa vem da satisfação e indicação de clientes.
  • LTV, CAC, taxa de recompra, churn

O EGR, por exemplo, ajuda a mostrar que CX não é custo, é crescimento sustentável gerado por clientes felizes.

Importante: essas métricas são pilares para medir experiência, mas elas não contam toda a história. Empresas mais maduras já entenderam que indicadores vindos de pesquisas (feedback solicitado) precisam ser complementados por sinais espontâneos que o cliente deixa em outros canais, como redes sociais, SAC, Reclame Aqui ou órgãos regulatórios. Somar essas vozes e analisá-las de forma integrada é o que permite decisões rápidas e baseadas na realidade completa do cliente.

Menos é mais: não transforme métrica em atrito

É possível (e recomendado) medir pontos-chave da jornada, mas exagerar na aplicação de pesquisas pode comprometer a própria experiência. Como mostrado no vídeo, aplicar CSAT em cada touchpoint pode transformar a jornada em um interrogatório.

Soluções como likes/dislikes e campo aberto no NPS são formas inteligentes de coletar insights profundos com menor fricção, além de permitir que o cliente traga o que realmente importa para ele.

Outra estratégia que empresas maduras já adotam é combinar pesquisas com feedback não solicitado. Ao analisar sinais espontâneos vindos de redes sociais, SAC, Reclame Aqui ou órgãos regulatórios, é possível reduzir a quantidade de pesquisas sem perder a visão completa do cliente. Essa integração traz duas vantagens: menos impacto na experiência e mais contexto para decisões.

A analogia com a saúde

Imagine que o NPS é um termômetro: ele te diz se o cliente está “com febre” ou não. Mas sozinho, ele não mostra a causa.

Os indicadores nos touchpoints funcionam como exames clínicos: detectam onde está o problema, no atendimento? No produto? No canal digital?

Já os indicadores operacionais são os parâmetros laboratoriais que dizem se o processo está saudável, e permitem calibrar o sistema antes que o cliente sinta a dor. Quando somamos a isso os sinais espontâneos vindos de diferentes canais, temos uma leitura muito mais precisa do “estado de saúde” da experiência.

Como gerar ROI com a gestão de experiência do cliente [+ Caso Real]

Para entender como fazer a gestão da experiência do cliente gerar ROI real, vale olhar para um exemplo que presenciamos de perto aqui na SoluCX: a jornada do paciente na Clínica da Cidade, uma das maiores redes de medicina acessível do Brasil.

Da escuta à ação: o case da jornada do paciente da Clínica da Cidade

A empresa tinha um desafio claro: garantir que a promessa de atendimento humanizado, ágil e acessível não ficasse apenas no discurso, mas fosse percebida em cada etapa da jornada. Com o apoio da Solucx, estruturou um programa de CX baseado em escuta ativa, análise inteligente e ação prática.

O diagnóstico inicial:

  • Experiência fragmentada entre os pontos de contato (agendamento, recepção, atendimento médico, retorno)
  • Métricas aplicadas de forma isolada, sem conexão entre os dados
  • Feedbacks não acessíveis às equipes de linha de frente

O que foi implementado:

  • Aplicação de NPS nos momentos-chave da jornada
  • Uso de likes, dislikes e campo aberto para capturar insights profundos
  • Segmentação dos dados por unidade, jornada e região
  • Distribuição automatizada de insights para os times operacionais
  • Criação de planos de ação ágeis com base no que os pacientes realmente apontavam

Os resultados:

  • Aumento expressivo no NPS em várias unidades
  • Redução de atritos operacionais com impacto direto na satisfação
  • Aumento da recorrência e fidelização
  • Engajamento dos colaboradores com base em reconhecimento direto dos pacientes

“Foi por meio dos feedbacks que conseguimos identificar o que realmente impactava o paciente e promover mudanças práticas que refletiram na fidelização.” — equipe da clínica

Este case mostra que quando o VOC é estruturado, distribuído e usado com inteligência, ele vira combustível para decisões melhores, e resultados financeiros reais. CX bem feito não é custo: é diferencial competitivo.

Conclusão

Customer Experience deixou de ser um projeto paralelo e se tornou um ativo estratégico. Empresas que escutam, entendem e agem com base na voz do cliente alcançam fidelização, crescimento orgânico e reputação sólida.

Hoje, isso vai além das pesquisas tradicionais. A maturidade em CX exige integrar todas as vozes do cliente, combinando métricas como NPS, CSAT e CES com feedbacks espontâneos vindos de redes sociais, SAC e canais regulatórios. Só assim é possível ter uma visão completa para decisões rápidas e eficazes.

Para escalar, é preciso estrutura. A SoluCX oferece tecnologia para unificar essas fontes, aplicar métricas com inteligência, automatizar análises e distribuir insights em tempo real. O resultado vem do equilíbrio entre tecnologia, método e pessoas: ferramentas que escutam com profundidade e parceiros que transformam dados em ação.